Meu lugar no esporte
De que lugar venho falar, quando falo de esporte?
Minha jornada esportiva foi uma luta contra expectativas, lesões e, finalmente, contra mim mesma.
Começa quando a minha versão infantil ainda estava em desenvolvimento, meus pais, como muitos, me colocaram em diversas atividades na tentativa de descobrir meus talentos e interesses.
A primeira tentativa foi a ginástica rítmica. Dediquei alguns anos da infância a ela, até uma lesão no braço esquerdo me obrigar a parar. Foram anos importantes, lembranças preciosas que guardo até hoje.
Segui para o ballet, mas a delicadeza exigida não era compatível com minha natureza inquieta; a experiência foi breve.
Com o nascimento de meus irmãos, o futebol entrou em cena, mais como brincadeira com eles do que como esporte competitivo.
Por duas décadas, frequentei academias para fortalecer meus músculos. Nem sempre fui assídua, mas sempre dedicada.
Em 2016, a corrida surgiu como uma nova paixão. Descobri que conseguia correr, mesmo com minha asma, usando bombinha.
A sensação de correr, o vento no rosto, a superação a cada passo, além de trazer saúde mental a minha saúde física ficava mais forte.
A liberdade e a adrenalina da corrida em trilha me conquistaram. A cada prova, sentia a força do vento no meu rosto, o impacto dos meus pés na terra, e o prazer de ultrapassar meus limites.
As vitórias foram muitas, culminando com um campeonato em 2018. A alegria da conquista era indescritível, uma sensação de poder e realização que me impulsionava a superar os desafios.
Apesar das lesões que aconteciam e da dor intensa durante meses de fisioterapia, a cada retorno eu estava mais forte e determinada. A musculação acelerou minhas recuperações.
Me mudei de estado e continuei competindo, evoluindo em distâncias e desafios cada vez maiores.
Ultrapassar meus próprios limites me dava uma sensação inebriante, a busca constante pela superação.
Conquistei meu objetivo: tornar-me ultramaratonista.
Porém, meu desempenho começou a decair. Após exames, descobri que precisava de uma lobectomia do lobo esquerdo inferior do pulmão.
A cirurgia exigiu uma pausa de um ano, mas aproveitei o tempo para me dedicar aos estudos, especializando-me em psicologia do esporte. Essa pausa me permitiu encontrar outra maneira de me fortalecer, entender a mente de um atleta e o impacto do psicológico no desempenho esportivo.
Hoje, estou no processo de reconstrução física e mental, construindo uma nova atleta para viver novos sonhos.
A psicologia do esporte me ensinou a importância da resiliência, da autocompreensão e do autocuidado, ferramentas essenciais para lidar com as adversidades, tanto físicas quanto emocionais, e a transformar desafios em oportunidades de crescimento.
Minha jornada está longe de acabar, e as lições aprendidas me guiarão nos próximos capítulos dessa história.